sexta-feira, 30 de abril de 2010

  • Capítulo 2

Esse primeiro dia de aula foi o mais emocionante de sua vida, pensava Naty. Será que ele me olhava com interesse? Será que eu ele notou que eu estou interessada nele e por isso ele ficou me olhando? Meu Deus dei muito na pinta.

Naty continuava a meditar deitada em sua cama, após o jantar, sobre o que Lê havia lhe escrito, durante a sua conversa pelo MSN à tarde, que ela estava muito ansiosa e tudo poderia ser sua imaginação. Será? Lê disse que não havia percebido nenhuma ação que expressasse interesse por mim pela parte do Lucas.
- Caralho! Será que eu estou ficando doida, meu? Não! Tenho certeza do que eu vi. Ele estava me olhando sim. - Murmurava Naty enquanto se remexia em sua cama de um lado para outro.

Naty custou tanto a dormir, que no dia seguinte ficou difícil acordar. Sua mãe teve que chamá-la três vezes, inclusive a última vez parecia mais um ultimato. Naty se arrumou, tomou o café e foi correndo para a escola.

Chegou em cima da hora e foi correndo para a sala de aula. Entrou na sala e a professora de matemática ainda não estava lá. Olhou para sua carteira escolar que estava ao lado da carteira do Lucas. Mas ele não estava sentado lá. Naty começou a olhar para todos os cantos da sala, ainda parada na porta da sala, procurando o Lucas. Nada, ele não se encontrava na sala de aula. Naty começou a andar em direção a sua carteira com um ar de tristeza e com um olhar de dúvida para sua amiga Lê que já estava sentada e colocando o seu caderno em cima da carteira. Lê moveu os ombros para cima mostrando que também não sabia dele.


* * *
Há poucos quilômetros da casa de Naty, no bairro vizinho, Lucas estava em casa, deitado em sua cama, se recuperando de uma febre que teve à noite. Ele pensava naquela garota que sentava ao lado dele e que estaria lá e ele não. Ele estava preocupado que alguém sentasse na carteira dele. Aquela menina era um sonho. Lucas não parava de pensar em Naty.

Havia ligado o aparelho de CD e estava ouvindo músicas românticas. Adorava as bandas NX-Zero, Jonas Brothers e McFly. Estava ouvindo a música Lies do McFly.

Pisciano romântico e muito sonhador. Já namorou e sofreu. Apesar de ser novo, ele era mais velho que a Naty e tinha 16 anos. Era repetente e vinha de outra escola de São Paulo. Sua mãe era sua melhor amiga e sabia que seu filho havia repetido o ano anterior, porque tinha se apaixonado por uma menina de sua sala. Ele havia namorado ela por uns seis meses. Nesse período Lucas fazia tudo por ela, até o dever dela. Ele a ensinava, ajudava, dava o seu lanche e a acompanhava até a casa dela. Só se viam durante as aulas e em alguns finais de semana. Nos finais de semana que não conseguiam se ver, se falavam pelo MSN ou telefone. Ele era muito protetor e ciumento. Não a deixava um minuto sozinha na escola.

Um dia de primavera, ele teve que ficar até um pouco mais tarde no colégio para ajudar um amigo, que estava com dificuldades em português e por isso não levou sua namorada, Priscila, para casa. Priscila era muito linda, tinha olhos verdes, um cabelo castanho claro, um rosto de boneca e tinha 15 anos de idade, igual a ele. Sempre estava bem maquiada e linda. Muitos garotos queriam namorar com ela, mas o Lucas era o cara com que ela ficou.

Neste dia, ele se despediu dela na sala de aula enquanto começava a se preparar para ajudar seu amigo Marcos. Deu um beijo nela e ela foi embora pela porta da sala. Este foi o último momento em que a viu. Haviam se passado 15 minutos que ela havia saído, quando ele sentiu um arrepio na nuca e neste exato momento ele pensou em sua amada. Ele não comentou nada com seu amigo Marcos e continuou a ensiná-lo.

Eram por volta das 13:40, quando ele havia terminado de ensinar o Marcos e começou a se arrumar. Ambos saíram da escola e cada um foi por um lado da rua. Neste dia, Lucas resolveu mudar o caminho e seguiu o caminho que sua namorada havia seguido. Não era o mesmo caminho que ele fazia todos os dias com ela. Eles sempre faziam um caminho maior para poderem ficar mais tempo juntos. Mas esse caminho era mais curto e também perigoso.

Passava pela praça Stélio Machado Loureiro, fica próxima a marginal Tietê e a avenida Joaquina Ramalho. Um pouco mais a frente ele se deparou com um aglomerado enorme de pessoas em volta de algo que estava no chão. O frio percorreu a coluna dele. Ele foi chegando perto do aglomerado de pessoas e começava a ouvir o murmúrio das pessoas. Ele chegara a ouvir que tinha uma pessoa morta devido a um tiroteio que havia acontecido a algum tempinho atrás.

Ele estava tenso e soando muito e ia atravessando aquele mundo de gente até chegar ao local onde havia um corpo pequeno coberto.

Havia diversos policiais em volta e ali perto. Lucas chegou perto de um dos guardas da polícia militar de São Paulo e perguntou se o corpo que estava ali era homem ou mulher. Seu olhar estava fixo naquele plástico preto onde havia um corpo, pequeno, ali debaixo. O PM respondeu friamente:
- É uma mulher que foi baleada à alguns minutos atrás. - Depois se virou para os outros colegas de farda que continuaram o seu bate papo.

Lucas continuava a ter um pressentimento horrível com sua namorada e começou a pensar que ali debaixo daquele plástico preto havia uma mulher e não uma adolescente. Ele ficou por um tempo ali parado e depois continuou a seguir o caminho da casa da Priscila que ainda faltavam dois quarteirões até lá. Ao passar por um grupo de pessoas, ele ouviu o comentário de que uma adolescente também havia sido baleada, mas mesmo baleada conseguiu fugir. Ele não se conteve e começou a andar mais rápido em direção a casa dela e com lágrimas rolando em seu rosto. Ele não parava de pensar. Orra Meu! Não pode ser minha Priscila. Meu Deus, por favor, não!

Quando chegou a rua dela percebeu um tumulto em frente à casa dela. Ele congelou. Não queria ir adiante. Não conseguia seguir em frente. Uma pessoa que estava em frente à casa de Priscila o reconheceu e foi em sua direção. Ao se aproximar do Lucas, o rapaz de uns 19 anos, que era irmão de Priscila, comentou:
- Meu! Que bom que você chegou!.
- O que aconteceu com ela, Fábio? – Perguntou Lucas completamente atônito.
- Mano você ainda não sabe, né? Disse Fábio aos prantos.
- Não sei o que? Diga logo, o que houve?

* * *
Naty não conseguia se concentrar na aula da professora Carmem que dava aula de matemática. Os alunos do colégio comentam que a professora Carmem é o cão chupando manga. Quando fica nervosa dá teste surpresa. Manda alunos para a coordenação quando eles estão conversando muito. Ensina muito bem e auxilia os alunos que se esforçam, mas mesmo assim não conseguem entender a matéria.

Em um momento da aula a professora Carmem viu que Naty apesar de estar ali em sala de aula, ela não estava prestando atenção e se dirigiu a ela:
- Naty meu anjo, qual a classificação deste triângulo desenhado aqui no quadro?

Naty não percebeu que era com ela e continuou perdida em seus pensamentos. E a professora voltou a chamá-la com uma voz mais imposta e menos carinhosa.
- Naty! Responda a minha pergunta? – Bradou a professora.

Neste momento a sala caiu em total silêncio. Todos os alunos da sala estavam olhando para Naty com espanto e esperando uma reação. Naty se assustou com o tom da professora e ergueu o corpo e se pronunciou com um grande nó na garganta.
- Hãm. Desculpe “fessora”, não ouvi sua pergunta. Qual foi mesmo?
A professora sem um sorriso comentou:
- Naty, vai ser a última vez que vou repetir a pergunta, trate de prestar atenção na aula. A pergunta foi a seguinte. Qual a classificação deste triângulo desenhado aqui no quadro?
- Isósceles fessora.
- Parabéns Naty é isso aí, mas fique ligada na aula. – Neste momento a professora voltou-se para o quadro negro e continuou dar a matéria.

Naty ficou mais atenta, mas não deixou de pensar naquele garoto que não estava ali ao seu lado. O que aconteceu com ele? Ela foi despertada novamente pelo sino da escola, que alerta o fim do tempo da aula. Nada estava bom para Naty. Ele não estava ali. Ao final da aula foi pra casa e iniciou seu ritual de almoçar, estudar e ir para o computador falar com seus amigos. Nesta terça-feira Naty tinha aula de inglês as 17:00 horas.

Ao chegar no curso de inglês, Naty teve uma surpresa inesperada. O Greg, o garoto novo do colégio estava estudando lá e ainda por cima em sua turma. Ele a reconheceu e foi em sua direção e falou:
- Olá mina, você não é lá da escola? – Perguntou Greg a Naty.
- Oi, sou sim, meu! Você é o Greg, né? Eu me chamo... – Ele interrompeu e completou.
- Naty. É eu sei quem você é esqueceu que estamos na mesma turma? – Ele deu uma risada e continuou. - Acho que também estaremos juntos aqui no inglês. – Neste momento um sorriso lateral era esboçado no rosto dele. E continuou:
- Que bom! Pelo menos uma cara conhecida. Você pode ficar sentada ao meu lado?
Naty respondeu meio que gaguejando:
- Sssimm! Tipo, claro. – Ela continuava olhando para ele e admirava sua beleza. As minas do cursinho estavam de olho nele. Tinham umas colegas de sala que raramente falavam com Naty, mas quando viram que ela o conhecia e estava ao lado dele, logo apareceram para falar com ela.
- Oi miga, como foi de férias querida? - disse uma das adolescentes esnobes que nunca falavam com ela. Naty estava fula da vida, pois sabia que aquilo era só falsidade daquelas minas, mas resolveu responder por educação.
- Foram ótimas. – Ela virou para o Greg e disse:
- Greg, vamos entrar na sala e nos sentar, tá ficando chato aqui fora. – disse olhando para a garota esnobe com um sorriso no canto do rosto.
- Vamos sim. – confirmou o Greg e ambos se dirigiram até a sala onde sentaram um ao lado do outro. Enquanto não começava a aula, ambos ficaram conversando bastante, se conhecendo e criando um início de amizade.

Ao fim da aula, ambos saíram juntos pela porta do cursinho. A mãe de Greg estava esperando-o dentro do carro. Ele pediu para que a Naty esperasse um pouco enquanto ele foi em direção ao carro e falou com sua mãe algo. Após alguns segundos ele foi em direção a Naty e falou.
- Cola na Grade! – Disse ele e nesta hora ela se aproximou dele e ele continuou a falar:
- Tipo, falei com minha mãe e ela disse que deixará você em casa.
- Não precisa se preocupar Greg, estou acostumada a ir de Busun.
- Não meu! Por favor venha comigo, não é trampo nenhum. – pediu Greg.

Naty hesitou um pouco mas acabou indo com eles. Greg abriu a porta e apresentou Naty a sua mãe. Ambas se cumprimentaram e seguiram caminho. A mãe de Greg perguntou a Naty onde ela morava e esta deu o endereço. Em 20 minutos chegaram a casa dela.
- Obrigada pela carona dona Helena. – disse Naty enquanto Greg saia do carro.
- De nada meu anjo. – respondeu a mãe dele.
Ele deu um beijo no rosto da Naty e sorriu para ela e falou.
- Mina, até amanhã. Tipo, te vejo lá na escola.
- Tá Greg. inté.
(continua...)


* * *

Nenhum comentário: