segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Título: As Aventuras de Naty - Aspiração de uma adolescente (Livro 1)

  • Capítulo 13

Naty chegou em casa e foi direto tomar banho. Ficou pensando o porquê disso tudo. Por que queriam a seqüestrar? Mas logo remeteu seu pensamento ao seu herói, Lucas. Naty deu um leve sorriso quando pensava no Lucas.


Ao sair do banho, foi direto para o seu quarto e ficou se contemplando no espelho do armário. Naty nunca havia feito isso dessa maneira. Ela começou a se analisar da cabeça aos pés. Estava completamente nua e com um olhar clínico ficou procurando imperfeições e estava se comparando a Laryssa, na qual a considerava uma garota perfeita. Naty cansou de se olhar, foi em direção a porta do seu quarto a trancou e foi deitar-se. O intuito era tentar se encontrar com o Lucas no astral. Apagou a luz de seu quarto, colocou uma música bem suave em uma altura quase inaudível. Começou a se concentrar com todas as suas forças e fé.

* * *

Lucas estava em casa, tinha retornado da delegacia com sua mãe, onde foi depor e fazer o retrato falado do suspeito que ele tinha visto. De repente ele sentiu uma vontade enorme de se deitar. Comentou com a mãe que ia se deitar, pois estava se sentindo esgotado. Sua mãe o abraçou e deu-lhe um beijo de boa noite.

Lucas ainda estava tenso com o ocorrido e com a adrenalina ainda em alta. A ficha caiu. Ele percebeu que havia arriscado sua vida em favor da vida de Naty. Nesse momento de introspecção em seu quarto, onde já estava deitado, ele se perguntava o que teria acontecido se ele não estivesse ali, ou se ele fosse atropelado, baleado ou até seqüestrado por aqueles indivíduos. Ele percebeu que não se importava com ele, mas com a Naty. Ele não entendia bem o porquê dessa preocupação. Tudo levava a crer que ele estava apaixonado por ela. Seus pensamentos e preocupações eram sempre voltados aquela garota da escola. Lucas estava com os olhos pesados, cansado da agitação do dia. Ele se ajeitou e se deixou levar pelos “braços de Morpheu”. Lucas lentamente foi entrando em desdobramento astral, um tipo de sonho lúcido. Caminhava, por assim dizer, em um lugar diferente, atraído por um chamado. Não havia vozes ou qualquer tipo de som, mas percebia o chamado. Ao chegar ao local do chamado sentiu a presença da Naty. Ela se aproximou e começou a “conversar” com ele.

- Lucas, obrigado por me salvar. Serei eternamente grata por isso. Gostaria de lhe pedir um favor. – comentou a consciência astral de Naty.

- Não foi nada Naty! Pode falar! – retrucou a consciência de Lucas.

- Não se arrisque mais por mim, não quero perder você. - lamentou ela.

- Poderia dizer o mesmo Naty. Não posso viver sabendo que você não existe mais. Não posso prometer o que não conseguirei cumprir. Sinto muito. Hoje eu sei que fiz a coisa certa. – afirmou Lucas.

A consciência etérea de Naty se irradiou em luz, a luz do amor. Esta energia tão intensa o envolveu a tal modo que o corpo Elemental dele, que está em constante comunicação através de sua mente subconsciente, sentiu uma sensação arrepio intenso. Uma harmonia e equilíbrio como nunca sentira. Isso o fez retornar ao seu corpo e despertar em um estado de amor profundo. Ao abrir os olhos, percebeu que ela era o seu verdadeiro amor. - Mas como? - ele se perguntava e continuava e se questionar: - A Naty não me dá bola, nunca demonstrou qualquer tipo de sinal de que gosta de mim. Será que estou pirando? Acho que eu a amo tanto que fico inventando essas coisas de encontro espiritual, ou seja lá o que isso for. Não há coerência nisso. Ela não me ama tanto assim, aliás ela não me ama de verdade. Acho que estou ficando maluco mesmo! – Lucas se sentiu tão triste que sentiu uma lágrima escorrendo pelo canto dos olhos, enquanto estava deitado.

* * *

Amanheceu um dia frio, nublado e com um ar de mistério. Naty estava feliz, o tempo não era compatível com seu bem estar e nem a afetava. Dizem que os europeus são mais fechados devido ao clima ser mais frio e fechado. Ela levantou, abriu a janela e fraseou ao vento: - “Bom dia vida! Bom dia ao amor!”

Ao chegar na sala, já pronta para ir a escola, o pai já estava a postos para acompanhá-la até a porta de seu colégio. Naty o abraçou e lhe deu um beijo de bom dia:

- Bom dia filha, como você está? – perguntou o pai espantando com a alegria que Naty estava. Nem parecia que ela havia passado um dia antes por um estresse enorme.

- Bom dia família! Pai, eu estou ótima, feliz por estar aqui com todos vocês, viva. – afirmou Naty com um sorriso no rosto. Sua mãe a olhava com um ar de desprezo.

- Vamos lá filha, vou levar você para a escola. – disse o pai dela.

- Pra que? – retrucou a mãe dela. – Você acha que irão tentar seqüestrá-la novamente? Hora fala sério! – exclamou a mãe.

Naty não entendia o porquê de sua mãe estar tão rancorosa com ela. Elas eram muito amigas e de repente ficou insuportável a relação das duas. Algo que Naty não percebia, mas era fato, sua mãe não era mais a mesma com ela. Não era mais sua amiga. Naty ignorou o que sua mãe havia comentado e foi em direção a porta e chamou o seu pai.

- Vamos lá pai, não posso desperdiçar sua companhia. – falou olhando para mãe que por sua vez, ficou a fuzilando com os olhos.

- Vamos. – disse o pai, já se encaminhando a porta e ao chegar lá se virou e se despediu de sua mulher com um aceno a distância. Bateu a porta e foi embora.

Do lado de fora de casa o frio paulista era intenso. Os carros que ficavam ao relento durante a noite fria, ficavam cobertos de água, vidros embaçados e com dificuldade de ligar. O pai de Naty era safo nesse quesito. Rapidamente estava saindo com o carro atravessando a alameda e indo em direção ao colégio. O pai aproveitou e perguntou:

- Meu amor, como está o seu namoro com o garoto Greg?

Naty um pouco surpresa, responde ao pai com uma pergunta: - Pai, por que você está me perguntando sobre meu namoro com Greg?

- Filha, para ser franco, fiquei surpreso do seu namorado não estar ao seu lado ontem depois de tudo aconteceu com você. Por isso minha pergunta, entendeu?

- Entendi sim. Na verdade ele não sabe o que aconteceu comigo, eu acho. Mas acredito que se ele soubesse, ele estaria ao meu lado. – Naty desconfiada da preocupação do pai percebe que ele está a olhando de rabo de olho.

- Não se preocupe querida, é bobagem de pai que se preocupa com o bem estar de sua filha. – o pai sorriu e piscou o olho para ela. Naty sorriu, mas ficou encucada com a pergunta do pai e começou a se perguntar o porque ela também não ligou para oGreg e o pior, porque ele não ligou para ela? No fundo ela também estava preocupada com sua relação, pois estava a cada dia pensando mais no Lucas, inclusive acreditando em seu passeio astral com ele.

Naty estava olhando pela janela através do vidro quando de repente viu o Greg parado fumando.

- Fumando? Greg fumando? Desde de quando? – pensava Naty enquanto olhava para ele já com o pescoço totalmente virado para trás.

- Chegamos! - quando se deu conta o pai estava a chamando.

- Hãm! Pai o que foi? – falou assustada.

- Chegamos! Escola! Aula! Lembra! Filha, estava fora do ar? – falou sorrindo!

- Estava mesmo pai! Desculpas! Acho que estou ficando louca.

- É o garoto de ontem, né, o Lucas.

Naty olhou para o pai aproximou-se e deu-lhe um beijo no rosto. Seu pai entendeu o silêncio e respeitou esse momento de reflexão dela.

- Tchau filha. Fica com Deus! Eu sempre estarei ao seu lado, lembre-se disso.

- Eu sei pai. Você é meu melhor amigo. Beijinhos.

- Beijos. Quando você chegar em casa, depois da aula, me liga, quero saber se você chegou bem.

- Pode deixar pai, ligarei sim, não fique preocupado. Tchau!

- Peça ao Lucas para te deixar em casa. – falou brincando para ela e continuou: - Se cuida. Beijos. –Naty batia a porta e se afastava do carro em direção a porta da escola.

Neste mesmo instante o garoto Lucas estava atravessando a rua, da escola, bem a frente do automóvel do pai de Naty.

- Lucas! – chamou o pai de Naty.

Lucas o olhou e o reconheceu logo e foi em direção ao carro.

- Olá senhor José Antonio, como o senhor está?

- Estou bem Lucas! Meu filho, muito obrigado pelo que você fez por minha filha ontem, arriscando sua vida pela dela. Não há como pagar o que você fez. Minha família estará sempre em débito com você.

- Pare com isso, senhor José, por favor. Fiz o que qualquer um faria. Eu percebi o que aqueles pilantras queriam e fui salvar minha amad..amiga. – Lucas se enrolou e tentou disfarçar a sua gafe e continuou falando. – Não é necessário agradecer.

- Lucas você é um garoto de ouro, mas mesmo assim deixo registrado minha gratidão e também quero aproveitar para pedir-lhe que você e sua mãe vão em nossa casa no domingo, pois queremos oferece-lhe um almoço.

- Mas senhor.. – cortou o pai de Naty o Lucas.

- Por favor Lucas, me dê essa honra. Mê passe o telefone de sua mãe que eu mesmo irei ligar para ela para combinarmos, mas para isso gostaria de ouvir um sim seu.

- Então tá senhor José, pode deixar que eu e minha mãe iremos a sua casa no domingo, mas por favor, nada desse negócio de herói.

- Então tá combinado então, mas vou te pedir outra coisa.

- Fale então.

- Não conte nada a Naty, é uma surpresa para ela, tá bom? – perguntou o pai dela ao Lucas que recebeu o pedido com certa estranheza, mas concordou.

- Então até domingo Lucas. Tchau e mais uma vez obrigado!

- Tudo bem senhor José. Adeus!

Lucas foi se afastando do carro em direção ao portão da escola, enquanto o pai de Naty já havia saído. Lucas ficou pensando no pedido do pai dela. Por que a visita dele seria uma surpresa para ela? De repente ouvido alguém o chamando.

- Lucas, Lucas! – chamou a coordenadora.

- Olá dona Augusta, bom dia! – respondeu ele.

- Bom dia. Como você está?

- Tudo bem, obrigado. Estou indo para a sala de aula. – comentou Lucas, que não estava a fim de ficar falando sobre o fato ocorrido no dia anterior.

- Coincidência, também estava indo para lá. Então vamos.

Lucas achou estranho, mas foi ao lado de sua coordenadora até a sala de aula. Ao chegarem lá, todos os alunos se levantaram e começaram a bater palmas para ele e tinha uma faixa com os seguintes dizeres, “Lucas o Super Herói da Escola.”. Ele ficou totalmente envergonhado e vermelho. Todos os outros alunos e professores das salas vizinhas a sua foram para o corredor e se uniram nessa homenagem ao Lucas. Ele notou que Naty estava olhando para ele e também estava vermelha. A coordenadora Augusta pediu a palavra e acenou para que Naty se aproximasse deles dois. Naty, completamente rubra, seguiu em direção a coordenadora enquanto ela falava aos alunos.

- Queridos alunos, como todos já sabem, o colega de vocês aqui ao meu lado - olhou para ele a coordenadora e retornou o olhar para turma e continuou fraseando. – em um ato de extrema coragem, conseguiu salvar a aluna Naty de ser seqüestrada por pessoas inescrupulosas aqui bem perto da nossa escola. Ele arriscou sua vida em prol de sua colega. Queria que vocês, alunos, tomassem muito cuidado e não parem para dar qualquer informação para estranhos, infelizmente não sabemos as intenções das pessoas. Gostaria de em meu nome e da escola parabenizá-lo, Lucas, por esse ato de heroísmo, mas peço a todos e a você, Lucas, que procure uma pessoa adulta para ajudar antes de agir. Você teve sorte, mas poderia estar ferido ou coisa pior. Uma salva de palmas para o Lucas e para Naty que está sã e salva.

Todos bateram palmas, gritavam o nome do Lucas, da Naty e alguém gritou lá do fundo: - Discurso! – bastava um falar para desencadear uma avalanche de gritos pedindo um discurso do Lucas e da Naty: - Discurso! Discurso! Discurso! Discurso! Discurso! Discurso! Discurso!

A coordenadora gesticulou para todos pedindo que ficassem em silêncio. O silêncio se tornou sepulcral. A gritaria cessou. Todos olhavam para os dois, Lucas e Naty, esperando que um iniciasse. Naty olhou para o lado e viu que Lucas estava roxo de vergonha e imaginava que ela estaria pior que ele, mas em instinto súbito começou a falar olhando para ele:

- Lucas, não tenho palavras para agradecer o que você fez. Você é completamente louco, salvou minha vida sem se preocupar com sua vida. Você poderia ter se machucado ou coisa bem pior. Se estou aqui hoje falando é graças a você. – Lucas olhando para Naty esqueceu que estava ali em sala e disse impulsivamente:

- Eu não poderia deixar nada acontecer com a pessoa mais importante da minha vida. – neste momento o silêncio foi quebrado e um murmúrio geral foi dominando a sala. A coordenadora pediu silencio controlando a situação e dizendo que todos se sentassem que a aula iria começar. Todos começaram a sentar em suas carteiras. Os alunos que estavam no corredor começaram a seguirem para suas salas e a vida escolar retomando o rumo normal. Lucas olhou para a coordenadora que percebeu que ele estava agradecendo por ter salvado sua pele. Neste instante, o Greg entra na sala sem entender o que estava acontecendo.

Laryssa olhava para o Lucas com olhar triste. Greg passou pela Naty e deu-lhe um beijo em sua bochecha e foi para sua carteira. Ele estava aéreo, tropeçou na carteira da Letícia que o xingou e foi se sentar. Seu amigo, que sentava ao lado dele, Gustavo, começou a contar-lhe tudo do jeito dele. Greg estava completamente fora do ar e não entendeu que o caso era com sua namorada Naty. Depois de Gustavo falar tudo ele disse:

- Poxa, a maior festa aqui e não fui convidado!

- Tu tá chapadão moleque! Cuidado!

- Mano to legal! O trampo é maneiro!

- Sei! Tu tá chapado doido! Mas presta atenção na aula e na tua namorada, otário!

- O cara tá tenso! Relaxa a mina tá na minha!

- Hum hum. – resmungou Gustavo e ainda falou baixinho: - Otário! -

Greg podia estar ali fisicamente mas sua mente não estava ali. Estava drogado. Naty viu que ele estava diferente. Ela sentiu um cheiro diferente nele além do cigarro. E pensava:

- Não posso acreditar que ele está fumando. Ele tá diferente, será que é drogas? Não pode ser, meu Pai! Vou falar com ele no intervalo.

Uns quinze minutos se passaram quando o sino do intervalo tocou. Todos levantaram e a maioria dos alunos da sala foram em direção ao Lucas para saber como ele havia feito para salvar a sua colega ou da Naty para saber como ela se sentia. Ambos não conseguiram sair da sala no intervalo. Durante todos os intervalos se repetiam as mesmas coisas. Todos queriam tocar e falar com o amigo herói. Os quinze minutos de fama mais longos de Lucas. Ele não queria que nada disso acontecesse, só poder falar com sua amada.

Eram 12:30 horas quando a sineta tocou e todos começaram a se arrumar para ir embora. Lucas ainda sentado olhava para Naty enquanto Laryssa olhava para ele.

Naty tinha que falar com Greg, ela queria ouvir dele o que estava acontecendo. Só que momento que ela o procurou na sala de aula ele não se encontrava. Ela passou os olhos em toda a volta e quando olhou em direção a porta que dava para o corredor, ela o viu descendo as escadas que dão no pátio da escola. Naty pegou suas coisas e saiu correndo pelo corredor para alcançá-lo. Lucas viu a Naty correndo e resolveu sair atrás dela, mas seu caminho foi interrompido nada mais nada menos do que Laryssa, sua ex.

- Ei herói, onde você está indo com tanta pressa? – zombou Laryssa.

- Hãm! Olá Laryssa. Desculpe-me mas estou com um pouco de pressa. Amanhã a gente se fala. – Lucas falou para Laryssa tentando dar um passo em direção a porta, mas foi novamente barrado por Laryssa.

- Ei... Calminha aí! Você quer é ir atrás dela não é? –Lucas parou e encarou Laryssa com um ar fechado. Ela não se intimidou e continuou: - Não vê que ela não gosta de você? Eu amo você, isso é verdadeiro. E você fica aí se declarando na frente de todos que ela é uma pessoa, como você disse mesmo? Ah, lembrei! “Eu não poderia deixar nada acontecer com a pessoa mais importante da minha vida.” – Com os olhos cheios de lágrimas, Laryssa o abraça e sussurra em seu ouvido: - Eu te amo meu amor. Eu te amo. – Ao ouvir essas palavras, Lucas se sentiu mal e afastou a Laryssa a olhou e disse:

- Lary, não posso controlar o que sinto. Você é uma pessoa legal e foi muito importante em minha vida. Mas preciso tentar ser feliz. Mesmo que ela não goste de mim. Tenho que tentar. Não quero enganar a mim e nem a você. – ele se aproximou de Laryssa e deu-lhe um beijo e comentou: - Por favor, me entenda, Lary. Eu adoro você, me ajude a ser feliz. Quero ser seu amigo para sempre. Não acabe com uma amizade tão linda quanto a nossa. Eu sempre estarei ao seu lado. – Laryssa o encarou com um ar de surpresa e saiu de sua frente, deixando o caminho aberto.

- Obrigado, meu anjo. – comentou Lucas enquanto se dirigia para a porta. Ele saiu em disparada pelo corredor, enquanto Laryssa chorava em silêncio acompanhando-o até sumir de seu campo visual.

* * *

Naty estava acompanhando ao longe o seu namorado. Ela queria saber onde ele ia toda vez que saía da escola. Ele não mais ficava com ela após as aulas e nem a acompanhava até a sua rua. Essa mudança de atitude, instigou o sexto sentido de Naty. Ela estava morrendo de medo do que ia descobrir e ainda com medo de que algo acontecesse com ela. Mas ela precisava descobrir o que estava havendo com Greg. Ele estava indo em direção a uma praça duas ruas após a escola. Ao chegar lá, foi em direção ao um grupo de rapazes que estavam encostados em um muro. Greg meteu a mão no bolso e puxou um chumaço de notas de dinheiro e entregou a um dos rapazes, que parecia ser o líder do grupo. Eram uns quatro rapazes ali. Eles fecharam um círculo em volta de Greg. Ele estava tentando argumentar algo com o cara que recebeu o dinheiro. Naty estava escondida atrás de um carro, um pouco longe do local onde eles estavam. Ela não conseguia ouvir o que estava acontecendo. Ela estava tremendo e tendo um mal pressentimento com Greg. Ela fitava-os e procurava entender. De repente ela viu Greg indo em direção ao chão. Suas pernas cambalearam de um lado para outro. Com dificuldades, ela tentava ficar em pé. Se segurava na maçaneta do carro para ficar em pé enquanto ela presenciava seu namorado ser espancado pelos rapazes. Chutes o acertavam como golpes certeiros. Não havia piedade. Eles o chutavam sem pena, uns com prazer e o que recebeu o dinheiro, o chutava com raiva e ainda exaltava xingamentos. Algo terrível ia acontecer com Greg. Ele já não implorava mais. Estava imóvel e só se mexia quando era chutado. Ela pensou: - “Meu Deus! Ele está morto?” - ela viu tudo rodar a sua frente. Quando ela estava indo em direção ao chão Lucas a pega e a envolve em seus braços.

- Naty! Acorde! Naty! – Lucas chamava a Naty desesperadamente. Ele sabia que os caras que estavam ali, um deles era o homem que a seguia. Eles tinham que sair dali. Naty estava desacordada. Lucas esticou seu corpo e tentou espiar através do pára-brisa do carro o que estava acontecendo. De repente seu desespero aumentou. Ele começou a balançar a Naty e a chamá-la desesperadamente. Eles haviam se separado e deixado Greg jogado no chão totalmente ensangüentado. E para piorar, dois deles estavam indo na direção deles. Lucas percebeu que não podia mais esperar, tinha que fazer algo. Naty completamente estática em seus braços. Ele reuniu todas as forças e a pegou pelos braços e saiu correndo a carregando. Rezava para encontrar alguém conhecido e que tivesse forças suficientes para segurar a Naty e deixá-la em segurança. Mas parece que o destino dele é mesmo salvar Naty. Os problemas não acabaram, pelo contrário. Um dos comparsas do traficante seqüestrador percebeu que Lucas estava correndo com alguém no colo e alertou os demais companheiros, que imediatamente saíram correndo atrás do garoto. Lucas começou a sentir-se cansado e olhou para trás e viu que dois rapazes estavam correndo em sua direção. - São eles! - pensou ele. Desesperado começou novamente a correr desesperado, faltavam mais de uma quadra para chegar no colégio. Lucas corria pela calçada e olhava para trás rapidamente para saber qual a distância que ele estava dos malfeitores.

- “Estão muito perto. Não iremos conseguir escapar.” – pensava Lucas no maior desespero. Lucas começou a gritar!

- Socorro! Socorro! Estamos sendo seguidos! Ajudem! Chamem a Polícia! Socorro! – ao berros Lucas começou a chamar a atenção da vizinhança que começou a sair para as janelas dos prédios, irem para a rua olhar. Os dois rapazes começaram a notar a movimentação da vizinhança e pararam de correr. Lucas estava exausto, não tinha mais força para ir a lugar algum. Encostou-se ao carro e a colocou em cima do capô dianteiro de um Honda Civic prata com vidros fumês que com o solavanco da Naty no capô, acionou o alarme. Uma sirene soava daquele carro. As luzes dos faróis piscavam sem parar. Lucas olhava aliviado para a direção onde os caras maus se encontravam. Estavam parados olhando para ele. Um homem apareceu por trás de Lucas e o agarrou e começou a empurrá-lo para a grade do prédio. Ele começou a tentar se soltar, mas era inútil. O homem era muito alto e muito forte. Então, Lucas resolveu apelar para o questionamento.

- O que eu fiz moço?

- O que você fez? E ainda tem coragem de perguntar. Você está drogado moleque? – disse o homem, pressionando o Lucas na grade.

- N... Não... Não senhor! Não uso drogas! Porque o senhor disse isso? Me solta, o senhor está me machucando! – Reclamou Lucas, exaurido.

- Ah não. Então porque sua namorada está fazendo chapada em cima do capô do meu carro, heim?

- Senhor, ela não está chapada, está desmaiada. Eu estava tentando levá-la até a escol...

- Por que não falou logo. Vamos levá-la para o hospital garoto. – Interrompeu o homem, soltando o Lucas e indo em direção ao carro onde se encontrava Naty.

- Moço, não é necessário levá-la ao hospital, vamos até a escola e lá chamamos a direção.

- Certo, vamos até lá. Vou colocá-la no banco da frente e você senta no banco traseiro. – o homem pegou no bolso a chave do carro e desarmou o alarme. Lucas olhava em direção dos homens maus e se surpreendeu ao vê-los lá ainda parados, só que agora estavam os quatro homens. Um deles, fez um sinal de que eles estão de olho nele. Lucas entrou rapidamente no Honda Civic, enquanto o dono do carro acabava de colocar o cinto de segurança na Naty. Lucas olhava para trás e viu que os traficantes estavam indo em sua direção como se não temessem serem revelados. Lucas olhava para o dono do carro dando a volta para entrar no automóvel e olhava para os traficantes se aproximarem cada vez mais. Estavam muito próximos do carro. O homem entrou no automóvel, ligou e começou a manobrar para sair da vaga onde estava estacionado. Quando ele estava olhando para o lado esquerdo para sair da vaga, um dos traficantes entrou na frente do carro fazendo o dono parar imediatamente, enquanto os outros três estavam parados ao lado direito em frente a janela de Naty e Lucas.

- Vai, vai moço. Eles são maus! – Gritou Lucas dentro do carro

- O que? Quem é mau garoto? – retrucou o homem após tomar um susto.

- Eles moço, esses homens são traficantes¹ - o dono do automóvel, acelerou, apertou a busina e arrancou quase atropelando o rapaz que estava a frente de seu carro. Este deu um pulo para o lado e chutou a lateral do carro, deixando um amassado enorme. O dono do carro assustado, continuou a acelerar e foi diretamente para a escola. Ele assustado começou a gritar.

- Moleque você mentiu. Vocês são drogados!

- Não somos não!

- Então porque tinha quatro traficantes atrás de vocês dois.

- Moço, porque nós os presenciamos matarem o namorado dela.

- O que? Meu Deus! Meu celular, onde está? – neste exato momento eles chegaram à escola e começaram a buzinar em frente à porta. O porteiro do colégio, abriu um pequeno portão e saiu em direção ao automóvel que estava parado em frente ao portão e buzinando loucamente.

- Abra a porta, senhor! Estamos com uma aluna desacordada. – gritou o dono do carro ao porteiro. Este olhou para Naty e a reconheceu. Ele saiu correndo para o portão que prontamente o abriu para que o carro entrasse.

No momento do estacionamento do automóvel, Lucas saiu do carro imediatamente e falou para o porteiro:

-Francisco, feche logo o portão e não a abra até que a polícia chegue. – continuou Lucas, agora voltado para o dono do carro. - Moço, por favor, ligue para a polícia e uma ambulância imediatamente enquanto eu tiro a Naty do carro e a levo para dentro.

- Ok. Estou ligando e irei logo atrás de você.

Quando Lucas soltava o cinto de segurança de Naty, um barulho horrendo acontecia do lado de fora da escola. Alguém estava socando a porta. De repente uma pedra grande veio em direção ao carro. Ela foi arremessada da rua para dentro do colégio.

- Vamos garoto. – disse o homem indo em direção ao Lucas, quando mais uma pedra foi arremessada e o acertou em cheio no ombro. O homem soltou um urro alto que fez com que alunos e professores interrompessem suas aulas para saber o que havia acontecido. Crianças estavam nas janelas da escola. Lucas acena que nem louco pedindo que todos saíssem da janela. Mais uma pedra foi jogada por cima do muro e foi em cima do capô superior do Honda Civic. Neste momento, Naty acordou e começou a se debater e gritava muito:

- Greg! Greg! Por que estou presa! Socorro! Greg! – Lucas foi em direção do carro e pulou para dentro do carro e começou a tentar a falar com Naty.

- Calma Naty, sou eu Lucas!

- Lucas? O que houve? Onde está o Greg? – ela estava lívida, ainda sem senso de direção e não percebeu que estava na escola.

- Calma, o Greg está na praça. A polícia está chegando.

- Polícia! Os traficantes! Onde estamos Lucas?

- Estamos na escola, te tirei de lá quando você desmaiou e o dono deste carro nos ajudou. Você está se sentindo melhor? – neste momento mais uma pedra caiu sobre o carro e fez um estrondo enorme. Neste mesmo instante, Lucas deu um pulo e Naty gritou bem alto.

- Ai..............................! O que é isso Lucas?

- Vamos sair correndo para dentro do corredor interno. Só saia quando eu falar., tá? – ela balançou afirmativamente a cabeça. Lucas saiu do carro e foi em direção a outra porta. O portão do prédio da escola já estava cheio de alunos, professores, inclusive o dono do carro. Lucas foi até a frente da porta, pois de lá ele estaria protegido contra as pedras voadoras e ainda poderia dizer a Naty quando sair. A distância entre o carro e a porta do prédio deveria ser de mais ou menos uns 40 metros em linha reta. Mas havia um obstáculo de cimento que impedia Naty de vir em linha reta e que a obrigava a caminhar uns 5 metro a mais.

- Naty! – chamou Lucas.

- Sim! – respondeu ela.

- Você está pronta?

- Sim, estou?

- Então venha! – gritou Lucas. Naty saia em disparada pela porta do automóvel e ia correndo em direção a porta. Ela escorregou em uma pequena poça e quase caiu. Aprumou-se novamente e correu circundando o obstáculo, quando um estampido veio do lado de fora do portão da escola.

- Foi um tiro! – Gritou um professor. – Saiam todos daqui, corram! – exclamou os professores para os alunos.

- Natyyy! – gritou Lucas, e saiu em sua direção!

Ao longe, já se ouvia os sons da sirene da polícia se aproximando.

- Lucas, saia daí! – Gritou a Coordenadora.

- Nãooooooooooooooooooooo! – Um grito de um rapaz desesperado. Uma tarde triste para um dia de muito sol. Policiais circulavam pela escola e pelas ruas. Homens de branco entravam pelo portão correndo. Lucas olhava para baixo quando sentiu algo atravessar seu corpo. Ele desmaiou!

* * *

Tudo parecia ser um pesadelo. Não havia mais som, apenas silêncio. Não havia mais luz, só escuridão. Nada fazia sentido.

Um comentário:

mari :* disse...

nossa, emocionei *o*
adorei esse capítulo, tomara que todos fiquem bem :}
beijos :*