terça-feira, 27 de julho de 2010

As Aventuras de Naty #12

  • Capítulo 12

Naty e Lucas se encontraram mais uma vez no Astral. Eles se perguntavam se existia tal lugar ou apenas era obra da imaginação. O final de semana passou e ambos não saíram de casa, ficaram para estudar. O mais engraçado é que estes vôos a noite se tornariam mais freqüentes e mais duradouros.


Segunda feira, mais um dia de aula, Lucas acordou super cedo, animado e revigorado. Esses encontros o deixavam recarregado e em prontidão. Estava com receio do reencontro com Laryssa, já que ele não falou com ela depois de sexta-feira no shopping.

Já Naty, estava atrasada, ela teve que ajudar a arrumar seu irmãozinho para a mãe e ainda preparar o café. Ela saiu de casa faltando oito minutos para o sinal tocar. Naty andou a passos acelerados e nem percebeu que estava sendo seguida. Há mais ou menos duas semanas, Naty era acompanhada de longe por um rapaz que sempre vinha monitorando seus passos. Ela conseguiu chegar a escola com um atraso de cinco minutos. Subiu correndo as escadas e a professora já havia iniciado a aula naquele momento. Ela entrou pela sala e observou a sua amiga Lê fazendo-lhe um sinal de que ela tinha uma bomba para contar a Naty. Como ela estava olhando para Lê, não prestou atenção na mochila e tropeçou e saiu catando cavaco por cima da carteira de Jonatas até que sentiu alguém a segurando antes que caísse no chão e se machucasse. A turma caiu na gargalhada e alguns engraçadinhos começaram a zoá-la, inclusive o Greg.

- Ooobrigado! – Naty agradeceu e se virou para ver quem a havia ajudado. – Lucas? Obrigado!

- De nada. Naty você está bem? – murmurou Lucas.

- Estou sim graças a você. Estou super envergonhada.

- Não ligue para esses idiotas. – falou sorrindo para ela, enquanto ela se compunha para ir para sua carteira.

- Obrigado mais uma vez. – Naty foi rapidinho se sentar, enquanto a professora ia restabelecendo a ordem na sala. Naty olhou para a professora e se desculpou.

Naty estava se ajeitando em sua carteira quando ela ouviu a sua amiga falar:

- Cara tenho a maior bomba pra te contar.

- Depois falamos – sussurrou Naty, olhando para a professora.

- Tá legal.

Depois de algum tempo Greg jogou um papel na sua namorada para que ela virasse para ele. E foi o que ela fez. Neste momento ela disse:

- Olá Greg. – falou baixinho pra ele que respondeu em mesmo tom de voz.

- Oi mina. Tô com saudades de te beijar.

- Também bobo. E aí, estudou muito esse final de semana? – sorriu ela.

- Hãm Ham! – confirmou ele e continuou. – Nem saí esse final de semana.

- Legal, no intervalo falamos. – Naty finalizou mando-lhe um beijo virando imediatamente para frente.

A aula de física era de dois tempos juntos. O dia estava claro e estável. Não chovia em São Paulo há quatro dias. O clima estava seco e com falta de umidade, que fazia o calor ficar mais abafado e ofegante. A sala de aula não tinha ar condicionado e os dois ventiladores não estavam funcionando. As janelas estavam abertas, mas o calor estava insuportável. Os alunos estavam incomodados e a professora também. No começo do segundo tempo, a professora deu uma saída para pegar água enquanto todos estavam fazendo exercícios. Lê tentou mais uma vez falar:

- Naty, você sabia que o Lucas e a Laryssa não estão mais juntos?

Naty ouviu a notícia e foi empalidecendo. Ela parou de fazer o exercício e olhou para Lucas e depois para Laryssa que por acaso estava olhando para ela. Naty desviou o olhar para sua amiga Lê e perguntou:

- Não pode ser Lê eles estavam tão bem? Como você soube?

- Lê foi ela que falou com a Paulinha, Elisa e Valéria no banheiro. Pelo jeito é verdade, por que Paulinha confirmou tudo. Ela disse que aconteceu na sexta-feira a noite no shopping.

- Nossa! Coitados!

- Coitados nada. E ainda tem mais fofoca amiga.

- Conta. – Naty estava ligada em Lê para poder saber das novidades.

- Olha, eu não sei quem é, mas elas estavam falando que iam aprontar com alguém aqui do colégio. Pelo que eu pude entender é que ele trocou a Laryssa por outra garota aqui do colégio.

- Quem será?

- Não sei, mas que eu fiquei feliz daquela perua metida ter tomado um fora, ah fiquei.

- Pare com isso Lê. Como pode ficar feliz com a desgraça de outra pessoa.

- Graças a Deus você está com o Greg, já que agora o Lucas estava sozinho eu irei partir com tudo pra cima dele.

Naty não comentou o que sua amiga havia falado. Ficou pensando em tudo o que havia passado com ela neste final de semana, principalmente na sexta-feira. Não podia ser coincidência, os fatos eram realmente reais. Ela perguntava para si mesma: - “Se tudo que eu vivenciei for verdade, então ele me ama de verdade. Minha nossa e como irei ficar? E o Greg? O que eu estou pensando, eu amo o Greg, não tenho que ficar pensando nisso. Mas por que é difícil não pensar? Por que eu fiquei feliz em saber que ele está livre? Deus do Céu, que podre eu sou! Não sou assim!”

- Lê, você não conseguiu saber de quem ele realmente tá a fim?

- Não Naty, mas vou descobrir quem é minha rival. O pior é que as poderosas vão aprontar alguma coisa para a menina. Estou com peninha dela. Hahaha!

Naty passou o resto da aula pensando e olhando para o Lucas. Ela não notou que Laryssa sempre que podia olhava para ela com olhar de raiva.

No intervalo Naty ficou sentada em sua mesa enquanto o Greg se aproximou dela, deu-lhe um beijo na boca e foi em direção a porta de saída da sala. Ao finalizar o beijo, Naty mirou diretamente para Lucas que estava observando-a. Naty se perguntava o porquê dele ter terminado com Laryssa que é linda e cobiçada pelos garotos da escola. Deu uma vontade imensa nela de saber se tudo que ela previu era verdade, mas para isso teria que falar com Lucas. E foi o que ela fez.

- Olá Lucas. Obrigada por me segurar. Você me salvou, hein. – Naty arrumou essa desculpa para poder falar sem enrolação.

- Ooolá Naty! – exclamou Lucas surpreso, mas continuou. – Não precisa agradecer.

- Mesmo assim obrigada. Lucas, porque você está com uma carinha triste? – perguntou ela.

- Não é nada, Naty. – respondeu

- Como assim, Lucas? Tá na sua cara estampada a tristeza. Vou ser direta. – antes de continuar ela deu uma boa olhada para o Lucas para ver a sua reação e saber se ela pode continuar ou não a falar. Não percebeu nada de ruim e então continuou. – O pessoal anda comentando que você e Laryssa terminaram o namoro. É por isso que você está tão triste? – mais uma vez olhou diretamente para os olhos de Lucas e aguardou a sua resposta.

- Como é que pode. Como as notícias voam. Naty é verdade, eu e Laryssa terminamos, mas não estou triste por isso. Acho que foi melhor para os dois.

- Mas vocês se gostavam tanto, Lucas. Laryssa sempre fazia questão de mostrar o quanto era apaixonada por você. E pelo estado dela, acho que ainda é.

Ele abaixou a cabeça e disse: - Eu não podia magoá-la.

- Magoá-la por quê? Você é tão legal! – cortou Naty.

- Magoá-la infelizmente. Quando não temos certeza do que sentimos é melhor nos afastarmos.

- Como assim Lucas? Ela não ama você?

- Acredito que sim, mas o problema não é ela, sou eu. – ele parou de falar e olhou para Naty, que o esperava continuar a desabafar. Mas Lucas continuou em silêncio e Naty comentou:

- Você não a ama mais? – Naty queria perguntar diretamente se ele amava outra garota e se essa garota era ela. Mas não conseguiu perguntar. Lucas olhou para o chão novamente e respondeu.

- Eu a amo, mas acho que também gosto muito de outra pessoa. Estou muito confuso. Eu tinha a certeza de que eu não amava Laryssa, mas algo que você disse, me fez repensar. – Nesse momento Laryssa entra na sala e se depara com a Naty acariciando o cabelo de Lucas. Ela parou e ficou tão irada que saiu novamente pela porta da sala de aula empurrando todas as pessoas que apareciam a sua frente. Paulinha foi atrás dela. Ambas entraram no banheiro que estava vazio. Laryssa deu um chute na porta do Box de sanitários que chegou a fazer um barulho tão grande que a inspetora entrou correndo no banheiro achando que algo de ruim estivesse acontecendo. Ao chegar lá se deparou com as duas meninas, sendo que a Laryssa estava chorando e Paulinha a consolando.

- O que houve aqui? Você está machucada menina Laryssa? – perguntou a inspertora Laura.

- Não está vendo que ela está nervosa! – retrucou Paulinha

- Estou vendo sim, mas porque? O que aconteceu?

- Nada! – com as mãos no rosto, um som abafado, respondeu Laryssa.

- Como nada! – exclamou Laura. – Vamos agora para a coordenação. Vixe! Vocês quebraram a porta do banheiro! Vamos lá! A coordenadora vai ficar muito feliz com vocês né! – falou sadicamente a inspetora que já estava as empurrando em direção a sala da coordenação.

As duas adolescentes tentaram persuadir a inspetora Laura, mas sem sucesso. Ela era considerada a linha dura da escola. Não aceitava brincadeiras, não era comprada pelos alunos e adorava levar os alunos para a coordenação. Todos tinham medo dela. Em algum momento colocaram o apelido dela de “Machadão”. Mesmo sabendo que a inspetora não abriria mão de levá-las a coordenação elas tentaram até oferecer dinheiro.

- Chegamos! Entrem meninas! – disse a inspetora Laura. As meninas entraram e já foram logo sentando nas duas cadeiras que ficam a frente da mesa da coordenação. Lá estava sentada a coordenadora do dia a Sra. Augusta Neves. Uma coordenadora também linha dura totalmente diferente da coordenadora Lilian que era um amor de pessoa.

- Qual é o problema aqui dona Laura? – perguntou a coordenadora

- Dona Augusta, o “pobrema” é o seguinte. Ouvi um estrondo no banheiro das meninas e fui correndo até lá. Chegando lá encontrei essas duas meninas, a Laryssa estava chorando e a Paula estava conversando.

- E o que tem de errado nisso, para que você as traga a minha sala, dona Laura? – questionou a coordenadora.

- O problema é que a porta de um dos Boxes do banheiro estava quebrada e o barulho que eu ouvi era de madeira. Como ninguém saiu pela porta do banheiro e lá só havia... – cortou a coordenadora

- Obrigada dona Laura, pode se retirar e continuar seu belo trabalho, que eu quero conversar com essas duas adolescentes.

- Pois não. – respondeu a inspetora já se retirando da sala de aula e resmungando algo inaudível. Laryssa estava com seus pensamentos na cena que havia presenciado em sala de aula, já Paulinha estava pensando no que sua mãe iria ficar de “mimimimi” em seu ouvido, quando retornaram sua atenção a coordenadora quando esta bateu com a ponta da caneta várias vezes na mesa olhando para elas com um ar de desapontamento. Após alguns longos segundos a coordenadora foi direta e incisiva:

- Bem meninas, qual das duas irá falar primeiro? – as duas se entreolharam e Laryssa resolveu falar.

- Fui eu quem quebrou a porta do box do banheiro. Eu perdi o controle sem querer. Estava com muita raiva e acabei chutando a porta e ainda me machuquei.

- Qual o motivo de tanta raiva, Laryssa? – perguntou a Dona Augusta.

- É uma coisa particular, Dona Augusta! Tenho direito de não falar. – retrucou Laryssa como se estivesse sendo julgada.

- Laryssa, é meu dever respeitar o seu direito, como é meu dever dar o direito a você se defender. O fato de você não querer dizer o motivo da explosão, me dá o direito de então ter que chamar seus pais, agora na escola. Isto é, vocês só saem daqui depois que seus pais vierem e se responsabilizarem pela perda no patrimônio público que vocês causaram.

- Espera aí coordenadora! – levantou Laryssa da cadeira se posicionando em sua defesa. – eu disse que fui eu quem quebrou a maldita porta, a Paulinha não teve nada a ver com isso, ela estava lá apenas me acompanhando e tentando me acalmar.

- Pelo jeito não adiantou em nada ela estar lá para te acalmar. E em falar nisso, mocinha trate de sentar novamente para mantermos uma conversa civilizada.

- Desculpe-me, me empolguei. – disse a Laryssa.

- Paulinha, já que sua intenção era ajudar então você está liberada e vá direto para a sala de aula.

- Mas Dona Augus.. – cortou a coordenadora

- Paula, vá para a sala de aula ou irei chamar seus pais aqui.

Paulinha foi saindo pela porta da coordenação e fez um coração com as mãos para Laryssa que retribuiu com um sorriso. Quando a porta fechou, a coordenadora Augusta, olhou para Laryssa, baixou a cabeça e a balançou negativamente. Levantou e falou a Laryssa olhando em seus olhos:

- Laryssa agora estamos só nós duas aqui. Acho que você já teve tempo suficiente para decidir se quer se abrir ou quer que eu chame seus pais aqui.

- Dona Augusta, pelo que sei, eu destruí um patrimônio público e como sou menor de idade a senhora terá que comunicar os meus pais de qualquer maneira, certo? – a coordenadora ficou espantada com a posição que Laryssa tomou e como ela conhecia seus direitos e deveres. Mesmo assim a coordenadora não baixou a guarda e retrucou de um modo mais suave, para ver se Laryssa abaixava sua guarda. O medo da coordenadora era saber se era um problema com algum professor ou funcionário da escola.

- É verdade minha linda, eu deveria chamar seu pais, caso você tenha sido pega em flagrante, mas pelo que me conste não foi o caso.

- Mas eu me acusei e isso já bastava para a senhora chamar meus pais.

- Eu sei criança, eu sei disso, mas o meu jeito de lidar com os problemas não são só recorrer aos pais dos alunos, mas tentar ajudá-los também a resolver ou mostrar um caminho para a solução de seus problemas.

- Duvido que a senhora possa resolver todos os problemas de todos. Impossível. – a Dona Augusta estava cada vez mais curiosa e perplexa com a altivez que uma de suas alunas se colocara. O fato de estar ali diante da coordenadora não a intimidara e possivelmente teria a mesma postura se fosse para a sala da Diretora.

- Laryssa não eu estou aqui para puni-la, mas para ajudá-la. O que te aconteceu para você estar com tanta raiva? – Laryssa pensou e viu que a coordenadora iria encher o seu saco, até que ela fale, ou o pior dos mundos, chamar sua mãe aqui. Ela pesou e começou a negociar com coordenadora.

- Dona Augusta, se eu contar meu problema a senhora não irá chamar meus pais?

- Prometo. – disse sem exitar. Uma postura errada da coordenação e Laryssa aproveitou isso em benefício próprio.

- Tá bom, a senhora vai achar ridículo, mas vou contar. – ela levantou enquanto a coordenadora a fitava. – A senhora sabe que eu namoro o Lucas. – Ela olhou para a coordenadora que balançou a cabeça em sinal positivo. Então continuou: - Na sexta-feira ele terminou comigo por causa de outra garota aqui da escola. Imagina que nem esfriou e já estava de carinhos na sala de aula. – A coordenadora recostou na cadeira e falou:

- É só isso Laryssa, que a deixou fula da vida? – perguntou a coordenadora.

- Só isso? Como só isso? Ele é tudo para mim. Eu nunca havia amado alguém em minha vida. – Neste momento Laryssa começou a chorar.

- Minha querida, não foi minha intenção menosprezar seus sentimentos. Imagino o quanto deve estar doendo tudo isso. Mas se ele não ama mais você, porque insistir? - neste momento Laryssa engoliu o choro e começou a limpar as lágrimas com as palmas de sua mão. Olhou para a Dona Augusta e disse:

- Eu irei lutar por ele. Não pensa que eu desisti dele. Ele é meu! Eu sei que ele me ama, eu sinto o amor dele. Ele está confuso eu sei disso. Essa Naty é que o provocou, eu sei disso.

- O que? – perguntou espantada a coordenadora: - A Naty é a outra? – Laryssa disse que sim com a cabeça e a Augusta continuou: - Minha filha, ela namora o Greg e todos sabem que ela só tem olhos para ele. Você não está enganada? Ele te falou que gosta dela?

- Não, não falou. Eu é que tenho certeza disso. O jeito que ele olha pra ela, não é o mesmo jeito que ele olha pra mim. Mas eu sei que ele gosta de mim, ele me ama, só está confuso. Hoje quando a vi acariciando a cabeça dele eu fiquei muito pê da vida e para não fazer um escândalo acabei quebrando a porta do banheiro. – Laryssa arqueou os ombros para a coordenadora.

- Pense bem, Laryssa. Não vale a pena sofrer por um garoto que não gosta de você ou está confuso.

- Tá bom vou pensar. – Laryssa não queria mais continuar a conversa e resolveu agradá-la, para que a conversa mudasse de rumo e finalizasse, e continuou: - Mas a senhora vai fazer o que com a porta e com o que aconteceu?

- Nada por enquanto. Só peço que não faça mais isso. Se estiver com raiva, evite colocá-la para fora depredando patrimônio público ou qualquer outro. Procure conversar com alguma amiga, chore ou venha aqui conversar comigo ou com a Lilian. Tá bom assim?

- Claro Dona Augusta. Muito obrigada por me ouvir. – Laryssa, muito esperta, levantou e foi em direção a coordenadora, deu um beijo e foi andando para a porta.

- Então tá, vou indo para a sala de aula. Obrigada. – Laryssa deu um tchauzinho com uma das mãos e nem percebeu a coordenadora retribuindo. Saiu rapidamente da sala antes que sua sorte mudasse. De certa forma, o fato de desabafar a tinha acalmado. Enquanto ia em direção a sala de aula, ela cruzou com a inspetora Laura, que ficou surpresa ao vê-la retornar e comentou:

- Não se fazem mais coordenadores como antigamente. – Laryssa abstraiu e seguiu em frente sem se abalar com o lamentável comentário da dona Laura. Quando ela ia entrar na sala, o sino tocou e o intervalo começou. Ela aproveitou para entrar na sala e se sentar.

Lucas percebeu a entrada da Laryssa bem como a falta dela na aula de história. Aproveitou e foi na direção dela para falar com ela:

- Olá Lary. Como você está?

Laryssa não acreditou que seu amado estava ali ao seu lado preocupada com ela. Mas ao mesmo tempo que o sentimento de esperança enchia seu coração, o sentimento de raiva também disputava espaço. Laryssa não queria mostrar-se fraca para ele, então resolveu encará-lo e responder a pergunta com sinceridade mas sem piedade.

- Como eu estou? Eu estou triste, muito triste com o fim de nosso relacionamento. Mas estou tentando me levantar. Procurando me encontrar e também encontrar um meio de arrancá-lo de meu coração, mesmo sem eu querer. Mas tenho que faze-lo, para não sofrer. – ela o fitava com firmeza e verdade. Ele percebeu o esforço que ela estava fazendo para se fazer de forte e procurou tomar cuidado com o que comentava.

- Lary, por favor, me perdoa. Não quero te ver triste, magoá-la ou q... – cortou imediatamente ela.

- Pare com isso já Lucas! – interveio com altivez. – não sou uma pessoa que está implorando que você volte ou coisa parecida. Não necessito de sua pena. Quero tentar esquecê-lo em meu coração. Não vou obrigá-lo a nada. Siga sua vida, que pelo jeito já está ficando do jeito que você quer. – ele olhou para ela sem entender a insinuação e continuou prestando atenção: - Se você me permite um conselho, não deixe que ninguém o magoe. – ela sentiu um nó em sua garganta e para não chorar na frente dele, ela se virou e saiu em disparada para o banheiro novamente.

Ao chegar lá dá de cara com a Naty, que ao vê-la chorando pergunta:

- Pelo amor de Deus, o que aconteceu com você Laryssa? Por que você está chorando? – Naty estava parada a sua frente e muito preocupada com sua colega de sala. Mal sabia que ela estava envolvida nessa confusão de sentimentos.

- Nada que interesse a ninguém! – respondeu Laryssa friamente, mas ainda chorando e complementou: - Me deixe em paz! Você já conseguiu o que queria! Me deixe só. Saia daqui, meu! – Laryssa entrou no Box que estava com a porta boa e se trancou lá dentro. Naty ficou estupefata com as palavras da Laryssa. Não entendia o porque daquelas palavras, mas no fundo sabia que era alguma coisa em relação ao Lucas. Aí ela resolveu não retrucar a Laryssa e saiu do banheiro e foi em direção a sala de aula.

Laryssa ficou esperando uma réplica de Naty, mas os minutos se passaram e nada foi dito. Para ela, este silêncio era a resposta positiva para sua dúvida. E começou a sussurrar como se estivesse conjurando algo ruim para alguém: - Então é verdade, eles se gostam e estão juntos. Então vem cheia de amizade e bondade querendo saber como estou. Naty, você venceu a batalha mas não a guerra. Eu amo esse garoto e ele a mim. – depois disso ela se sentiu forte novamente, lavou seu rosto e foi para a sala de aula novamente e foi até o final de todos os tempos sem maiores problemas.

Lucas fitava a Laryssa sempre que podia. Estava preocupado com ela. Sentia-se mal com tudo isso. Já começava a se questionar se havia agido certo ou foi apenas um impulso mal pensado. Ele estava sentindo falta da Laryssa, mas ao mesmo tempo sentia aquela dúvida em relação a Naty.

Naty passou o resto da aula em transe. As palavras de Laryssa não saiam de sua mente. Dúvidas e mais dúvidas pairavam como uma neblina em seu coração. Ela gostava muito do Lucas, mas tinha certeza que amava o Greg. Então porque ela estava em dúvida? Enquanto pensava, Greg chegou perto dela e a beijou, mesmo assim ela continuou em transe. Greg comentou com ela que ia para casa e não iria para a aula de inglês e que ela não esperasse por ele. Ela fez que sim com a cabeça, mas não ouviu uma palavra se quer do que ele disse.

Ela parecia um robô. Levantou, arrumou suas coisas e foi em direção a porta da sala de aula e não percebeu que Lucas estava na sala de aula ainda. Laryssa

Já tinha saído também.

Naty seguiu para a portão de saída da escola e foi em direção a sua casa. Lucas percebeu que ela estava aérea novamente e começou a segui-la. Parecia que isso era sua sina, proteger a Naty dela mesma. Naty andava sem olhar para os lados, sem perceber que ele estava atrás dela. Lucas viu o Greg mais a frente e pelo jeito Naty nem percebeu que seu namorado estava logo ali. Lucas ficou preocupado de o Greg vê-lo e diminuiu o passo, mas não perdeu a Naty de sua visão.

Ela atravessou a rua novamente sem olhar para os lados. A mesma rua que ela quase foi atropelada. Mas não havia carros cruzando no momento. Lucas a seguiu até em casa e depois foi para sua casa.

Lucas quando voltava para o ponto de ônibus, viu o Greg com uns caras estranhos, parecia que ele estava pegando algo. Ele tentou ver o que era, mas a distância era grande e se tornara impossível enxergar. Achou estranho, mas logo o seu ônibus chegou e ele foi embora.

* * *

Seu dia estava estranho, Naty não sabia como havia chegado em casa. Quando se deu conta, já estava em seu quarto, sentada na cama.

- Que coisa esquisita, não me lembro de ter chegado em casa. Cruzes! – comentou consigo mesma. – Mas que dia cheio de novidades. Preciso colocar minha cabeça em ordem, não posso me deixar levar por suposições, sonhos ou qualquer coisa sobrenatural. Eu amo o Greg e sei que ele nunca faria nada para me magoar.

A frase de Laryssa ainda martelava em sua cabeça. Nada podia ser pior para ela do que ser pivô de uma briga de casal. Ela não queria acreditar que seu sonho havia se tornado realidade. Lucas estaria mesmo gostando dela? Essa era uma das muitas dúvidas que a rondavam. Para Naty, ele nunca havia demonstrado esse sentimento. Não havia se quer resquício de dúvida que ele estava apaixonado pela Laryssa.

Naty foi ao curso de inglês e achou estranho o Greg não ter ido. Pegou o seu celular e ligou para ele. Celular dele estava fora de área. Ela começou a lembrar que Greg havia falado algo com ela na escola, mas não se recordava o que era. Até iniciar a aula ela tentou mais algumas vezes falar com ele, mas não obteve sucesso.

Após a aula, ele retornou para sua casa e foi logo para o computador falar com suas amigas. Somente a Sarah estava no on-line.

- Oi Sarah! Como vai?

- Olá Naty, estou bem demais e você?

- Que bom ler isso, pelo jeito você está apaixonada!

- Nossa e como estou. Meu namorado se chama Lucas mas eu o chamo de Lusca! Estamos namorando a um mês. – comentou Sarah

Naty ficou perplexa ao ouvir o nome Lucas e aí sua mente começou novamente a divagar. Será que é apenas coincidência ou será um aviso? Voltou a terra e continuou a conversar com sua amiga virtual Sarah.

- Que legal, fico muito feliz com isso.

- E você Naty, continua namorando o Greg? E o seu Lucas? – perguntou Sarah.

- Continuo firme e forte com o Greg. Que história é essa de meu Lucas. Lucas não é meu. Eu estou muito feliz com o Greg. Aqui quem tem Lucas é você. Hahaha! – sorriu Naty para Sarah.

- É Lusca, meu Lusca. Ué amiga, jurava que você gostava mesmo do Lucas e que o Greg era apenas um aperitivo. Ahsuahsuaahsu – brincou Sarah.

- E que aperitivo Sarah. Nossa mãe, esse garoto é muito abusado, tá sempre com as coisas lá embaixo mexendo. Ele parece um polvo, cheio de mãos.

- Nossa, parece até o Lusca que não para quieto menina. Eita fogo incontrolável desse menino, mas te confesso uma coisa, eu também o provoco demais. Ashuaashua – sorriram as duas pelo MSN.

- O Lucas terminou com a namorada dele, Sarah. – comentou Naty, mas sem jeito e com medo de dupla interpretação.

- Aproveita Naty e fica com ele. Faça um test-drive. Quem for mais “caliente” você escolhe. Ashuasdhuaashhua.

- É ruim! Eu não vou cornear o Greg nunca.

- Naty, nunca diga nunca!

- Digo sim, não vou fazer isso com ele. Ele é uma preciosidade. Não me trai, não tem vícios, me ama e me quer. E além do mais é fogoso.

- Ashuashau! Tá bom Naty. Só posso te aconselhar, não existe homem perfeito. Todos eles têm duas cabeças e a cabeça mais pensante é a cabeça de baixo. Essa é a desculpa dos homens. hahahahaha. – aconselhou Sarah a sua amiga Naty em tom de gozação.

- Você não presta mesmo, leva tudo na sacanagem.

- Naty, eu sou realista, mas mesmo assim não deixo de ser romântica. Enquanto Lusca não encher meu saco, tá tudo ótimo. Se não ficar de “mimimimi” em meu ouvido melhor ainda. Não sou ciumenta e não suporto ciúme. E olhe que ele é ciumento demais. Mas espero mesmo que ele pare com isso e confie em mim. Eu brinco, mas nunca o trairia. Acho uma sacanagem esse tipo de coisa. Se não quer mais, então termina e vai à caça. Você está certa Naty. Lute por seu homem, mas abra o olho, homem não presta.

- Nunca pensei que você pensasse assim. Foi uma surpresa mesmo. – retrucou Naty.

- Tá vendo! Não sou nenhuma galinha. Apenas procuro levar tudo na brincadeira, mas gosto tudo preto no branco.

- É o que é amiga. Eu estou muito feliz com Greg. – Naty não se sentia a vontade de falar com Sarah sobre sua dúvida e seu sonho. Sua amizade por ela era virtual, mas não a conhecia a fundo. Sabia que podia confiar, mas era diferente.

- Naty, se precisar de mim estou aqui, agora vou namorar um pouco. Lusca acabou de chegar aqui em casa. Oba!!! E sabe amiga, onde há pólvora, há fogo! UAU!!!! Ahahahahah. – comentou Sarah para sua amiga.

- Vái lá então. Bom namoro sua ousada! Quem me dera poder namorar em casa. Minha mãe me mata.

- Cruzes! Minha mãe nem esquenta, ela confia em mim. Coitadinha! Ahshahahsah! To brincando. Beijinhos.

- Beijos. – Naty fitava seu monitor e viu que nenhuma de suas amigas estava on-line. Então resolveu deitar-se e descansar um pouco.

* * *

Laryssa estava no shopping com sua mãe quando de repente viu o Greg sentado em um banco sozinho. Greg não notou sua presença ali. Ela começou a olhar de um lado para o outro para ver se Naty estava por perto, mas para sua surpresa viu outra menina se aproximar de Greg. Tinha um corpo lindo, loira de cabelos longos, olhos azuis e estava com um vestido de grife, lindo. Vinha com um cigarro na mão. Ao chegar próximo ao Greg ela esticou o braço de colocou o cigarro na boca de Greg. Para seu espanto, pois não sabia que Greg fumava. Pelo menos não na escola. Ele pegou o cigarro e a puxou para seu colo. Laryssa ficou perplexa com a cena e começou a pensar se ligava para Naty ou não. Ela sentia um gosto de vingança, mas ao mesmo tempo não se sentia bem com tal sensação. Por fim resolveu apenas olhar para o casal e registrar em sua memória o fato. Sua mãe a chamou:

- Laryssa, vamos continuar a olhar as lojas, meu bem!

Nesse momento, Greg se vira e olha diretamente na direção onde Laryssa se encontrava e percebeu que sua colega de sala estava fitando-o. Greg não se perturbou com o fato de Laryssa estar ali o vendo com outra garota, apenas tentou esconder o cigarro com a palma de uma das mãos. Greg acenou para Laryssa que sem saber o que fazer se virou e foi em direção a sua mãe.

Alguns paradigmas em Laryssa começaram a ser quebrados. Ao invés de se sentir vingada, começou a sentir raiva de Greg e pena da Naty. Ela não concordava com essa atitude. O que mais a impressionou foi a cara de pau que ele teve em acenar para ela e a fez pensar se ele fez isso, porque sabia que Laryssa não era amiga da Naty ou o seu caráter era de um cara que não se importa com isso? Será que Naty desconfiava dele? Eram muitas dúvidas que pairavam sobre a cabeça de Laryssa, mas no fundo ela sabia que não tinha nada a ver com a história e decidiu não se meter. Não via a hora de contar as suas amigas o que tinha descoberto.

* * *

Mais um dia despontou e Lucas acordou, levantou-se e foi direto para o banho. A noite foi tensa e muito mal dormida. Ele estava preocupado com a Naty e com o estado da Laryssa. Ele não estava arrependido de ter a deixado, mas não tinha mais certeza se foi certo a sua atitude. Vestiu-se e saiu em disparada sem tomar café. Nem ouviu sua mãe o chamando para tomar o café.

Lucas pegou o ônibus e foi em direção a casa de Naty. Ele já estava se achando ridículo com aquela situação. Achava que deveria tomar uma atitude e acabar com essa cena de James Bond. Mas algo mais forte em seu interior o empurrava para aquela atitude totalmente ridícula e insana. Ficar seguindo uma garota para que ela chegue bem em seu destino. Não havia explicações para isso. Como a maioria dos dias ele ficava a espreita de Naty atrás de uma Kombi abandonada em uma rua transversal à rua onde ela morava. Lá vinha Naty. O coração de Lucas disparou. Se sentia invadido de uma perspicácia fora do comum. Lá estava ele seguindo a Naty.

Tudo ia bem até que Lucas percebeu que não era só ele que a seguia. Havia um homem que também a acompanhava. Lucas tentava imaginar o por que. Ele era um branco, baixo, forte, pouco cabelo, andava de camisa aberta e calça jeans. Devia ter uns 27 anos aproximadamente, usava bigode e era um tipo mau. Usava uma pochete preta em sua cintura. Um pouco mais atrás vinha um automóvel que estava bem devagar, como se estive acompanhando o rapaz que seguia a Naty. Era um gol preto com vidros com insulfilme, totalmente negro, não se via quem e quantos estavam dentro do carro. Ele conseguiu anotar a placa do carro. Lucas começou a suar frio, pegou o seu celular e começou a discar o telefone 190 da polícia.

- Não ocupado! Que M.! – Lucas começou a pensar no que poderia fazer para ajudar a Naty. Ele só via uma única saída, que era chamar atenção dela. Lucas então começou a gritar:

- NATY! NATY! Corra! Corra para a escola! – ele atravessou na frente do carro que a e do rapaz que a seguiam. A pegou pelo braço e saiu em disparada para o colégio.

Naty estava assustada, não entendeu nada. Começou a correr por que o Lucas a estava puxando. De repente Lucas viu o gol preto passar por eles correndo cantando pneu pela rua em direção a outra esquina já afastada da escola. Nisso Lucas começou a diminuir e a olhar para trás para verificar se o cara que a seguia ainda estava atrás dela. Como viu que o caminho estava livre ele parou e colocou as mãos nos joelhos e começou a bufar. Naty estava perplexa e assustada, não sabia o porque disso tudo. Olhava para o Lucas como se fosse uma pessoa desconhecida. Nisso alguns populares e colegas da escola que estavam na rua e presenciaram a cena do Lucas gritando se juntavam em torno dos dois.

- O que houve Lucas? – Perguntou Naty

- Havia um cara atrás de você Naty, me parecia que ele ia te raptar. – falou Lucas ainda com a mão nos joelhos tentando se recompor. O povo que estava em torno dos dois e após ouvirem o que o Lucas comentou com Naty começaram a murmurar e a procurar. Enquanto isso Naty comentou:

- Lucas, como assim me raptar?

Lucas se viu enroscado com a situação. Como iria dizer a ela que ele a estava seguindo e por isso percebeu que o canalha atrás dela.

- E então Lucas estou esperando sua explicação! – exclamou Naty.

- Naty por favor vamos para a escola, lá falamos com mais calma. – saiu pela tangente o Lucas.

- Ok. Se isso que você falou é verdade, vamos falar com a diretora. – replicou Naty.

Ambos começaram a caminhar em direção a escola, passando pelo meio dos outros transeuntes. Ao chegarem lá, o sino de início de aula já havia tocado e o pátio estava completamente vazio. Estavam atrasados. No momento em que atravessaram o pátio para o corredor que leva a sala de aula encontraram a “Machadão” que disse>:

- Que bonito isso! Os dois pombinhos perdidos pelo corredor.

- Não é nada disso dona Laura, chegamos agora.

- Não quero saber de conversinha, peguei vocês fora da classe, sou obrigada a levá-los para a coordenação. Vamos já. – Machadão saiu empurrando os dois em direção a sala da coordenação. Hoje era o dia da coordenadora Lilian que era mais aceita pelos alunos da escola.

Ao chegarem na sala da coordenação, para surpresa dos dois, as duas coordenadoras se encontravam em sala. Lilian viu os dois entrando e perguntou para a inspetora Laura o que havia acontecido. Esta rapidamente passou o relato:

- Eu os encontrei indo para sala de aula fora do horário, onde se conclui que estavam de namorico e perderam a hora. – falou a inspetora com um sorriso no rosto, como se estivesse acima de qualquer suspeita.

- Naty e Lucas por favor sentem ali nas cadeiras na frente de minha mesa. – Ao ouvir os nomes a coordenadora Augusta se virou e fitou-os com um olhar de desconfiança. Após sentarem, a coordenadora Lilian perguntou a Naty o que havia acontecido. Naty sem exitar falou:

- Eu estava vindo para a escola, quando de repente ouvi o Lucas gritando do outro lado da rua que nem um louco, falando para que eu corresse, pois havia alguém querendo me raptar. De repente ele me pegou pelo braço e me puxou abruptamente para frente, que me fez tropeçar e quase cair no chão, mas mesmo assim consegui correr, quando sem mais nem menos Lucas diminuiu o passo e parou cansado e disse que não havia mais ninguém atrás de mim. – Neste momento, Dona Augusta estava sentada ao lado de Lilian, absortas a história que Naty estava descrevendo. Ambas as coordenadoras olharam para o Lucas ao mesmo tempo esperando algum tipo de reação ou explicação sobre o que Naty acara de relatar. Mas ele não disse nada. Estava olhando para suas mãos suadas de nervoso. Não sabia o que falar. Teria que falar a verdade e isso seria um grande motivo para sua expulsão do colégio. Após alguns minutos de reflexão e espera, uma voz se fez ouvir na sala. Até a Machadão se encontrava estarrecida com a história do possível rapto.

- E aí Lucas, qual é a sua versão? – perguntou a coordenadora Augusta que se encontrava irritada com seu silêncio. Lucas levantou a cabeça e falou:

- Tudo isso é verdade. Havia um homem que estava prestes a raptá-la, em tentei ligar para a polícia mas não consegui, só dava ocupado. – neste instante a inspetora pegou o celular da mão de Lucas e pesquisou em suas chamadas feitas. Nesse mesmo momento Lilian deu uma bronca na inspetora Laura.

- Laura, não é necessário esse tipo de atitude. Bastava apenas pedir o celular para ele. Peça desculpas.

Muito contrariada, ela se desculpou: - Desculpas. – e depois após análise comentou: - o danadinho está falando a verdade, tem uma ligação para a polícia as 12:55 horas, isso quer dizer que o que Naty relatou possa ser verídico.

- Naty! – tomou a frente a Dona Augusta: - Você percebeu ou viu alguém te seguindo? – perguntou ela.

- Não senhora, não vi e nem percebi. – respondeu Naty

- Então Lucas, como você percebeu que uma pessoa iria raptá-la? – perguntou a coordenadora linha dura apontando para Naty.

Ele contou como tudo aconteceu, apenas omitiu o fato de estar seguindo a Naty. Após finalizar, Augusta comentou:

- Interessante, mas uma coisa não bate Lucas. Se você vinha para o colégio, porque veio pelo lado oposto do seu? Pelo que eu saiba, você mora para o outro lado, inclusive o seu ônibus o deixa na porta da escola. Como você explica isso?

Ele rapidamente falou: - Eu dormi e acordei após o ponto e tive que andar isso tudo de volta. Agora pensando melhor, parece que foi coisa de Deus. – ele estava orgulhoso de sua resposta e não sabia como havia tido aquela idéia maravilhosa.

- Bem, acho que não temos mais dúvidas sobre o fato relatado, pelo menos eu não tenho. Eu acredito no que eles relataram e acho que devemos chamar os pais de vocês e as autoridades. O que acha Augusta? – perguntou Lilian

- Acho que é um caso de polícia sim. É nossa obrigação zelar pelos alunos de nossa instituição, mas vamos imediatamente a sala da diretora comunicar a nossa decisão, enquanto isso crianças, vocês ficam aqui com a inspetora Laura.

- Sim senhora – responderam os três ao mesmo tempo. Enquanto isso as duas coordenadoras foram a sala da diretora e contaram tudo. A diretora ligou para a secretaria de educação e se orientou quanto a posição do estado. Ligou para a delegacia e comunicou a ocorrência da tentativa de rapto de uma aluna da escola. Enquanto isso, as coordenadoras retornaram para a sala e ao chegar lá, Lilian ligou para os pais de Lucas e os de Naty. Já a Augusta, os preparava para dar explicação a polícia. Em mais ou menos dez minutos a polícia civil e a polícia militar chegou a escola com suas sirenes ligadas, deixando os alunos em polvorosa. Ninguém mais queria saber de assistir aula e nem professor queria dar aula. A curiosidade era tanta que a diretora se viu obrigada a dispensar todos os alunos para suas casas. Após o horário do lanche. Mas a vizinhança também se aproximava e se amontoavam em frente ao colégio. Pais de alunos que moravam por ali também tentaram entrar na escola. Quando os pais da Naty e a mãe do Lucas chegaram, eles tiveram que entrar com escolta policial, pois não conseguiam passar pela multidão à frente da escola.

A rua foi tomada por pessoas e isso fez o trânsito crescer na região. A polícia militar e os da CET-SP tiveram um trabalho enorme para organizar o tumulto.

Ao chegarem a sala da diretora, o casal de alunos se deparou com alguns policiais e os seus pais. A mãe de Lucas correu para o filho e o abraçou e chorou e perguntou:

- Está tudo bem com você meu filho? – perguntou ela olhando para ele de cima em baixo.

- Tá sim mãe, estou bem. – respondeu ele com um abraço na mãe.

Já a mãe de Naty a olhou com raiva de estar ali ao invés de trabalhando. Se aproximou e fez um comentário com a voz bem baixa:

- Olha o que você está aprontando menina. Pra que tudo isso? Quer aparecer?

Naty abaixou a cabeça. Seu pai reparou o movimento e foi em sua direção e a abraçou e a beijou. Ele chorava muito e não parava de repetir: - se algo acontecesse com você eu me mataria. – Naty o abraçou bem apertado. Enquanto isso a delegada da região, estava sentada em uma sala de reunião, anexa a sala da diretora, com as duas coordenadoras e a diretora. Em um certo momento, a delegada chamou os pais de Naty com a Naty e pediu para que os outros esperassem na sala da diretora. Lucas estava tenso. Não sabia o porque dessa separação. Provavelmente, queriam ver se a história contada por ela era compatível com a dele e vice e versa. O tempo passava e a fome era negra. Haviam se passado mais ou menos uma hora e meia quando a porta da sala de reunião se abriu e Naty com seus pais saíram. Ela o olhou e sorriu. A delegada pediu que a mãe de Lucas e o próprio entrassem e pediu para que alguém providenciasse algum sanduiche para os garotos, pois ainda iriam ter muito tempo para explicar a história.

* * *

Do lado de fora, Laryssa estava querendo notícias de Lucas. Ela, como todos, não sabiam ao certo o que estava acontecendo. Ela sabia que Lucas e Naty estavam envolvidos com alguma coisa sobre rapto. Mas a sua permanência na escola foi barrada pelos inspetores de plantão. O Colégio foi esvaziado e só ficaram os populares do lado de fora. Alguns alunos também, mas logo eram orientados a irem para suas casas.

Laryssa não se conformava, precisava saber se seu amado estava bem. Retornou a sua casa e contou tudo para sua mãe. Estava inquieta, ansiosa por uma notícia. Queria saber o porquê a Naty estava envolvida nessa confusão. Ela tentava ligar para o celular dele, mas estava fora de área. Laryssa inconformada teve que aguardar notícias.

Ela chegou a pensar que era alguma coisa em relação ao Greg, mas descartou logo. Ela lembrou que ele estava em sala de aula pela manhã.

* * *

No colégio, a delegada havia acabado com a primeira conversa com Naty e Lucas. A delegada Camila Peterson reuniu todos na sala e explicou os próximos passos. Ela relatou que o Lucas arriscou sua vida para salvar a Naty das mãos dos seqüestradores. Esse tipo de seqüestro de meninas está aumentando São Paulo, pois a levam para a prostituição, muitas vezes em outros estados ou países. Normalmente pegam meninas estudantes de colégio público. Ela continuou:

- Acredito que eles irão voltar. Não são do tipo de desistirem de seu alvo, quero dizer que a sua filha... – a delegada olhou para os pais de Naty e continuou: - está na mira dessa quadrilha. Vocês deveriam acompanhá-la sempre.

O pai de Naty disse: - Eu irei fazer isso ou contratarei alguém para acompanhá-la.

A delegada continuou: - Já o garoto Lucas, deverá tomar cuidado também, pois eles podem ter guardado seu rosto, o que eu particularmente duvido, pois foi tudo muito rápido, mas todo cuidado é pouco. Iremos solicitar ao batalhão da PM uma intensificação no patrulhamento aqui nas redondezas. – a delegada pegou um copo de água que estava a sua frente e bebeu um pouco e retornou a falar: - Diretora, acho que a senhora deva comunicar as famílias que tenham meninas estudando aqui na faixa etária dos 12 aos 15 ou 16 anos e comentar sobre o acontecimento, sem revelar o nome da garota Naty e do garoto Lucas. Por enquanto é só. Todos estão dispensados exceto o garoto Lucas que irá conosco e sua mãe para a delegacia para nos ajudar a fazer um retrato falado, já que ele foi o único que viu um dos sequestradores.

Ambos estavam cansados e queriam ir para casa, mas apenas Naty foi dispensada. Lucas tinha que ir para a delegacia fazer um retrato falado do suspeito, além de efetuar um depoimento formal. De repente, a Naty pediu para conversar com o Lucas a sós, mas a delegada não achou apropriado no momento. Então sem a menor chance de ficarem sós, Naty decidiu falar ali mesmo o que estava sentindo.

- Lucas, já que não posso falar com você a sós, quero falar aqui mesmo. Eu gostaria de agradecer a você por me salvar dessas pessoas que queriam me raptar. Sou extremamente grata por isso. – Naty se aproximou e deu-lhe um beijo na bochecha.

Lucas ficou encabulado e apenas sorriu, enquanto Naty ia saindo pela porta com seus pais.

* * *

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